Por Patrizia Borgonovo
Estamos vivendo um acontecimento histórico. Um momento único, desafiador e global. Apesar disso, sei que cada pessoa está vivenciando e dando um significado diferente e particular para esta experiência. Por saber disso, sempre acreditei em um trabalho baseado no SINGULAR, no olho no olho, na história particular de cada um, mas hoje, me sinto movida a escrever este texto para contribuir um pouco mais com o PLURAL porque realmente acredito que neste momento, é essencial que as pessoas se dediquem também a cuidar, além da sua saúde física, da sua saúde mental, para que passem por isso mais fortalecidas, resilientes e tolerantes.
Compartilho portanto algumas ideias que podem ajudar a manter o equilíbrio emocional para quem está em isolamento social, neste momento tão singular!
1 – Foque mais sua atenção no presente e naquilo que você tem controle, no que está ao seu alcance e pode ser feito hoje, como evitar sair de casa e lavar sempre as mãos. Não alimente pensamentos sobre um futuro incerto e sobre coisas que não dependem de você como a economia mundial ou quanto tempo vai durar a pandemia. Uma boa metáfora é imaginar que seus pensamentos são os vagões de um trem em movimento e é você que escolhe em qual vagão você vai subir e ficar. Faça boas escolhas!
2 – Acolha suas emoções. Todas as emoções tem uma função e querem nos dizer algo. Não lute contra elas, apenas observe, acolha e deixe ir. O medo por exemplo serve para nos proteger e faz com que você tome os cuidados necessários para preservar sua vida, seguindo as orientações dos órgãos de saúde. Mas cuidado, em excesso ele pode ser prejudicial. Por isso reduza o acesso às informações negativas e até falsas, que podem alimentar emoções de medo, tristeza e ansiedade. Vamos combater a “Infodemia”!
3 – Lembre-se que nem todo mundo está na mesma página, que nem todo mundo tem acesso às mesmas informações que você. Se você discorda de alguém sobre a forma de ver a pandemia, sobre as prioridades e os cuidados no combate ao vírus, procure pensar que todos pelo menos, tem uma base comum que é a necessidade de proteção do ser humano, o que diverge são apenas as estratégias para suprir esta necessidade. Isso pode lhe ajudar a não ver quem pensa diferente de você, como um inimigo.
4 – Crie o hábito da gratidão. Esse é um bom momento para iniciar essa prática! Todos os dias, de preferência antes de dormir, pense em algo que você tem a agradecer, como ter uma casa para se proteger, alimentos ou sobre o que aconteceu de bom durante seu dia. Use um caderno para escrever ou faça um pote da gratidão com seus filhos, com pequenas mensagens que vocês poderão guardar como lembrança e rever sempre. Estudos científicos comprovam que a gratidão pode reduzir a pressão arterial, melhorar a função imunológica e até diminuir a dor física, por favorecer a liberação da dopamina.
5 – Se você tem filhos, não se preocupe tanto com o conteúdo escolar que “está sendo perdido” (ele só está sendo postergado). As escolas já estão bem ocupadas em resolver essa questão da melhor forma. Não exija tanto quanto à sua produção pedagógica. Este é um momento muito delicado e difícil de vida que ele e você estão vivendo e isto, por si só, já pode elevar o nível de estresse da família toda. Não serão dois ou três meses sem aulas que irão comprometer toda a vida escolar do seu filho.
6 – Quanto às crianças, o mais importante no momento é ficar atento ao estado emocional deles e estar disponível para ouvir com atenção, acolhendo o que vier. Não negue os sentimentos deles dizendo que não precisam ficar triste ou com medo. Compartilhe os seus próprios medos e incertezas. Reconheça, nomeie e valide os sentimentos dizendo que o que está acontecendo está deixando todos preocupados, mas assegure que se seguirmos corretamente as orientações, logo tudo vai passar!
7 – Busque cobrar menos de você e da sua família! Sabe aquela lista enorme de coisas para fazer durante a quarentena que dizem que agora você terá tempo para fazer? Esquece! Só você pode saber quais são suas necessidades e prioridades neste momento de vida. É importante sim ter uma rotina, mas que seja leve e flexível, principalmente em um momento tão difícil. Faça o que for possível e está tudo bem. E o mais importante: Não queira dar conta de tudo sozinho(a)! Delegue mais e peça ajuda quando precisar.
8 – E por último, procure tirar todos os dias um tempinho só pra você, faça algo que te dá prazer, sem ninguém por perto…um banho mais demorado, uma meditação, uma leitura, uma comidinha gostosa ou uma caminhada. Entre mais em contato com você, com suas próprias emoções, esteja no presente e aprecie o momento. Seja ele como for.
E lembre-se:
Ficar em casa não significa estar preso. É estar seguro. É se proteger e proteger o outro.
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Patrizia Borgonovo é a criadora do Blog “O ser singular“, psicóloga e pedagoga, especialista em Psicoterapia Infantil e em Educação Especial e Inclusiva. Desde 1995 trabalha com crianças, adolescentes e suas famílias, atuando como psicóloga em consultório, e desde 2011 atua também na área da educação, em escolas regulares e especiais.
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