De: Carolina Rodrigues da Silva Souza (Coruja Garatuja)

Ilustração: Diego Souza Rodrigues

A Toca do Tatu

Entre as raízes de uma árvore, o tatu bola cavou a sua tão sonhada toca. Ele queria que a sua toca fosse a mais chique de toda a floresta, e durante todo ano decorou seu lar. Por fora só se via um buraco, mas por dentro parecia um palácio.

“Não vejo a hora de chegar o natal, a minha toca sofisticada vai deixar todo mundo de orelha em pé e focinho caído.” – Gabava-se o tatu orgulhoso.

O ano passou e já era véspera de Natal, e o tatu finalmente convidou todos da floresta para a grande ceia em sua enfeitada toca. Empolgado para impressionar a todos, o tatu passou o ano inteiro enfeitando sua toca com tudo que havia:
pisca-piscas, sinos, guirlandas, muitos pinheiros de Natal e todos os tipos de enfeites.

Depois de tudo arrumado, saiu para colher frutos, verduras e nozes para a grande ceia.
Mas quando chegou a sua casa, percebeu que havia algo de errado:
“Ora, o que aconteceu?! Minha toca diminuiu?!”
A toca do tatu estava tão apertada, tão cheia de enfeites e coisas que nem o próprio tatu cabia mais lá. A toca estava entupida!
“Oh! O que vou fazer agora, já está na hora da ceia e em breve todos chegarão!”

Quando os animais chegaram, viram o tatu aos prantos:
“Enfeitei minha toca o ano inteiro com todos os enfeites da floresta, não faltava nada. Mas de que adianta tantos enfeites se nem mesmo eu posso entrar em meu próprio lar?”
Vendo a tristeza do tatu, os animais tiveram uma ideia para animá-lo. Colheram frutas, legumes e verduras em suas hortas e então fizeram a ceia na porta da toca, como um grande piquenique.

A tristeza do tatu foi embora. Ele percebeu que não precisamos de muitas coisas para sermos felizes. Sobre o gramado de seu quintal estavam juntos, unidos e celebrando a noite de natal. Não havia nada que o tatu planejou, não havia sinos, nem guirlandas, nem pinheiros enfeitados, mas também nada faltava naquela ceia.

E assim, o tatu aprendeu que coisas podem até faltar, mas se houver amizade, união,
respeito e amor, tudo fica completo e especial, como aquele piquenique de Natal.